Meu voki!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Estamos preparados para lidar com a inclusão em nossas escolas?

Nestes 4 anos lecionando em escolas públicas, em todos eles trabalhei com alunos deficientes.
Sem nenhum preparo ou formação específica, foi necessário me adaptar a realidade e buscar por conta própria informações e ferramentas que me auxiliassem na difícil tarefa de educar estes alunos "especiais", proporcionando além do ensino, interação, conforto e experiências prazerosas.

Desde o princípio sentia-me perdida e frustrada. Tinha tantas dúvidas e receios... Não sabia por onde começar, nem o que fazer. Até hoje ainda me sinto assim, pois cada ano recebemos alunos e realidades diferentes, e nem tudo se aplica à todos. Cada deficiência têm seus limites, suas necessidades, adaptações...

Exemplifico com dois casos:
Ano retrasado lecionava para um 5º ano, em minha sala havia uma aluna com Síndrome de Down e um aluno de 14 anos com uma doença degenerativa (foi perdendo os movimentos, fala e sentidos a partir de seu aniversário de 7 anos). Este aluno era cadeirante e a escola possuía 3 andares. Nenhuma rampa ou elevador.
Ele não participava das aulas de informática, nem visitava a biblioteca devido a impossibilidade de acesso. Ficava com a cuidadora na sala, aguardando que retornássemos.
Nos passeios, nunca havia ônibus adequado às suas necessidades e precisávamos solicitar ao motorista que o pegasse no colo e colocasse em algum assento, levando a cadeira no compartimento de malas. Isso é incluir?
Já no passado, iria lecionar para dois aluno surdos no 2º ano. Um deles cadeirante e com outros tipos de deficiência, além da auditiva.
A professora de libras acompanharia-nos em sala por 1h30 diárias...
E o que eu faria nas outras 3 horas??? Isso é incluir?
Como saí de licença maternidade, assumi a sala por somente alguns dias. Um sufoco. Tentava comunicar-me por gestos infantis e pelo alfabeto de sinais, que eles mal conheciam.
Um dos alunos só chorava e balbuciava sílabas repetidas que não entendíamos... Novamente pergunto: Isso é incluir???

Há alguns anos tínhamos escolas e salas voltadas exclusivamente para atendimento de alunos com deficiência. Forneciam infra estrutura e material adequado, professores capacitados, especialistas. Hoje este aluno deve ser matriculado preferencialmente na rede regular, a meu ver, infelizmente, esta educação não é eficaz. É o que chamamos "pra inglês ver". Digo isto por mim e por diversos outros profissionais da educação, que se sentem como eu, desnorteados.

A escola do século XXI não está preparada para lidar com a inclusão. Isto é um desafio. Não estou dizendo que é uma tentativa vedada ao fracasso, ela é legítima, contanto que cada caso seja muito bem avaliado.


7 comentários:

  1. Solange Barbosa de Almeida26 de novembro de 2014 às 14:09

    Realmente a inclusão é um grande desafio que todos nós enfrentamos! Talvez os alunos são incluídos socialmente, mas incluí-los de fato é muito difícil: seja pelas barreiras arquitetônicas ou pelo currículo que nem sempre é possível adaptar...E a quantidade de alunos por sala? Mesmo que o professor tenha uma boa formação ( o que é difícil, com tantos casos diferentes de NEE) será que ele consegue dar a atenção necessária que um aluno com NEE requer?

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  2. Olá Solange.
    Concordo que a inclusão social acontece. Hoje percebemos que os deficientes sentem-se mais "parte do todo". Com a nova política de inclusão, desde cedo convivemos com as diferenças dentro da sala e fora tb, pois ela têm se estendido a diversos setores, preocupados com a qualidade de vida de todos, sem exceção.

    É uma pena que a inclusão não seja completa...

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  3. Oi Angela! A inclusão começou a acontecer, porém, o problema é que está em passos muito lentos, o que acaba gerando frustração, tanto do aluno como do professor. O jeito é tentar contornar os problemas diários da melhor maneira possível, mas sempre lutando por melhorias, afim de chegarmos num modelo de inclusão aceitável o quanto antes! Abraços!!

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  4. Como dizem: Matamos um leão por dia!
    Com certeza não podemos deixar de lutar por uma educação mais justa e igualitária.

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  5. Olá Angela!!

    Acredito que a escola regular é o lugar para todas as crianças e precisa se preparar para isso realizando suas adequações de espaço, currículo, fazendo adaptações, ampliando seus recursos humanos com outros especialistas e respeitando a diversidade de seus alunos. Afinal ela é real, é um pedaço desta sociedade com seus desafios.

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  6. Oi Sandra!
    Hoje fiz um concurso e a dissertação era justamente sobre a questão das escolas especias.
    As crianças precisam sim, estar na escola regular, isso é inclusão. Contudo, existem deficiências cujo comprometimento é muito severos (como as intelectuais e múltiplas) e a escola não está apta para receber estes alunos, seja por dificuldades estruturais ou formação profissional.
    Acredito que as duas modalidades devem coexistir. Como disse acima, cada caso deve ser avaliado.
    Obrigada!

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  7. Concordo. Não há caminho de volta. A inclusão está aí e temos de tentar fazer da melhor maneira possível. No entanto, é necessário um investimento maior e melhor nas escolas. Pena que os governos caminhem a passos lentos.
    Eliana Morita

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